EX-NAMORADOS II

Entre os 16 e 17 anos não me lembro de ninguém que eu pudesse ter chamado de namorado. Claro, muitos se lembram de mim como tal.Sem nenhuma presunção, muitos devem se lembrar de mim como uma de seus primeiros amores. Faz parte das injustiças da vida.
TIMIDEZ

O primeiro chifre no primeiro ex-namorado foi durante o show do Biquíni Cavadao!!! Namorado me largou sozinha num Dia dos Namorados e foi visitar os pais. Eu, ainda tímida, fui num showzinho e lá fui semi-seduzida por um vizinho que já manifestara interesse naquela menina morena de cabelos compridos que nao parava de estudar. Tao pura eu.. até chorei arrependida. Fato já consumado, melhor aproveitar, né?
EX-NAMORADOS I
(de uma série extensa que começa hoje/ Recado aos ex-namorados que leem este blog: nada de constrangedor _que nao seja divertido_ será contado. Portanto, nao se manifestem antes do tempo)

Do primeiro beijo já nasceu o primeiro namorado, um estudante de odontologia que já contei para voces. Para quem nao se lembra, ele era um mocinho que me visitava depois de estudar bastante, estava sempre cansado, dormia assim que chegava em casa. Nao demorou muito acho que ele percebeu que era eu que lhe dava sono. Me trocou por uma gordinha de sua cidade (Padre Paraíso - MG), que depois trocou por sua atual esposa. Hoje ele faz obturaçoes no interior de Minas e tem tres filhos.

Tem gente que nao curte muito ir em banheiro alheio para fazer coisinhas. Eu nunca me importei, sendo limpinho, banheiro é tudo igual. Tenho até uma tática para usar toiletes alheios em momentos de maior aperreio. E sem me constranger. Chego no restaurante mais chique, nao vou consumir nada, entro, ponho a bolsa na mesa e já me levanto. Pergunto, com nariz bem empinado _tenho prática nisso_ onde fica o toilete. Falando no celular é melhor ainda. Nenhum garçom em sa consciencia vai te interromper e dizer que voce só entrou ali para usar o toilete. Enfim, use e abuse do toilete do restaurante caro, saia, pegue sua bolsinha e agradeça, é claro. Nunca se sabe quando voce vai precisar de novo.
Fui ver "Femme Fatale". O filme é uma bosta, mas a femme é uma puta de uma gostosa e o diretor é o Brian de Palma, né? Antonio Banderas dá show de má interpretação, mesmo imitando viados, em que ele já tem afamada prática desde Ata-me.
Nos meus dias de desemprego um filminho antigo por dia. Ontem vi "Uma Rua Chamada Pecado", com Marlon Brando e Vivien Leigh. Baseado na peça de Tenessee Williams, o filme é um clássico do cinema. Aqui, o espetáculo recebeu o nome de Um Bonde Chamado Desejo e teve como a Blanche DuBois a excelente Leona Cavalli. Blanche é uma mulher bela, sedutora, lunática e de conduta no mínimo duvidosa. Depois de perder todo seu dinheiro vai em busca da irmã, casada com um "polaco" sexy (o divino Marlon Brando). "Sempre dependi da gentileza de estranhos" é a frase preferida desta mulher sonhadora, que não aceita sua nova condição.

Do desemprego ao trabalho informal. Estou decidida a continuar a ser estatística.
Uma das melhores mostras em cartaz na cidade é a "Da Antropofagia à Brasília", no Museu da Faap. Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral estão com suas obras mais significativas. Há ainda trilha sonora de Caetano, Tom Jobim, primeiras edições de livros da Clarice Lispector, Monteiro Lobato, maquetes de edifícios criados por Niemayer _que particularmente não gosto, mas nem por isso podemos ignorar_ e esculturas de Brecheret.
O melhor de Porto Alegre nem foi a torta na cara do Genoíno, que não vi. Foi a casa do Mario Quintana, um centro cultural lindíssimo no restaurado hotel Majestic. Com salas de exposição, teatro, cinema e bibliotecas, o lugar é imperdível.
Em Porto Alegre me transformei numa dorme-sujo:

_Durmo em colchonete.
_Uso faixas coloridas no cabelo
_Tomo só um banho por dia, mesmo rolando na grama para ver o pôr-do-sol e vendo três shows num mesmo dia
_Como melancia na calçada, hot dog e milho verde
Acabo de ler Como Ser Legal, do Nick Hornby. Se você leu High Fidelity (Alta Fidelidade) e Fever Pitch (Fome de Bola) não perca tempo lendo How to Be Good, uma baboseira sobre uma médica em crise existencial e no casamento. Nem mesmo o texto leve e gostoso de Hornby salva o livro de sua história inverossímil e piegas.
De Porto Alegre

O anfiteatro Pôr do Sol, onde o Lula discursou, foi tomado por militantes petistas, da CUT, estudantes e participantes do Fórum. Num discurso fraco ele explicou que vai a Davos porque sempre negociou com pessoas do mal por necessidade e não vai ser agora que ele não fará isso. Chegou a dizer: "Vou a Davos por vocês.. foi por vocês, que fazem o Fórum Mundial de Porto Alegre, que fui convidado a ir a Davos". Lulinha paz e amor mais uma vez relembrou seu passado de pobreza, a falta de diploma, sua atuação como sindicalista. Terminou dizendo que fará em quatro anos o que muitos não fizeram em dezenas. Petistas, em coro, gritavam: "Oito, oito". Ah, FHC não podia, né?

A galera se importa mais com a causa da Palestina que os menores nos sinais.

Maconha aqui é mais normal que água. Está em todas as rodinhas nos shows.

Deixa eu ir ali ver o Lulinha falar...
A galera aqui nao curte muito as manhãs, portanto eu tenho que permanecer solitária nesta parte do dia. Acordei e fui correr no Parque Moinhos de Vento, agradabilíssimo. Hoje fomos ver o Seminário contra a guerra. Estadio do Gigantinho lotado, todos os palestrantes estrangeiros, inclusive norte-americanos, falavam mal de Bush e bem de Lula. Duh.
Depois da marcha rolou um show ao lado do rio Guaiba. Um chatissimo grupo regional gaucho, o Quartcheto, o Sivuca e um sambinha com Paulinha da Viola. Depois, uma cerva no boteco, eh claro. Minha cara.
Meus companheiros de viagem são André Loffredo, nacionalmente conhecido como o autor da frase "Futebol é muiiiiito melhor que sexo"; Paulo Fávero, estudante há dez anos em Geografia na USP e ex-repórter da Gazeta Esportiva, que agora tem um bar onde os jornalistas boêmios vão quando não trabalham. O terceiro é o Fábio Marzitelli, ex-repórter do Lance. Gentil e alternativo ele usa batas que se parecem com pano de prato e é bastante famoso entre as mulheres que frequentam padocas na Cidade Baixa.
Hoje fiz a primeira chapinha em Porto Alegre. São inevitáveis os momentos de stress quando faço escovas com cabelereiros desconhecidos. Nunca confio neles e evito olhar no espelho antes do cabelo ficar pronto para que não tenha acessos de ódio pelo trabalho mal-feito. Mas, 40 minutos e R$ 25 a menos depois, o moço recebeu nota 7.
Depois de um café-da-manhã com um pão de sal com cara de pão doce, almoço um queijo quente, jantamos numa tradicional churrascaria da cidade, a Barranco, onde comi a melhor picanha da minha vida. A carne é servida na mesa, a salada em rodízio, que vem num carrinho de ferro. Lotadíssima, Porto Alegre só respira o fórum.
A viagem à Porto Alegre começou na madrugada de terça e terminou ontem às 16h30 e 32C, depois de 13 horas. Estou na sala de imprensa, com mais de 160 computadores e jornalistas de de várias partes do mundo, principalmente latino-americanos. Daqui a pouco vamos para a marcha, que começa ás 17 horas, contra a guerra. Á noite, o point alternativo é a rua República, na Cidade Baixa. Nunca vi tanto bicho grilo junto.
Comi, depois de muito esperar, o pato no tucupi. O prato típico paraense, considerado um dos mais sofisticados da culinária brasileira, tem influência indígena e usa caldo de mandioca (tucupi) e jambú, folhas que dão um intenso gosto picante. Para acompanhar, arroz branco e farinha de trigo na manteiga. Quem quiser experimentar vá ao Carimbó, na Bela Cintra. Lá também são servidos: caldeirada (com peixe de água doce), vatapá, caruru, maniçoba (espécie de feijoada com várias partes do porco) e caranguejo tirado (desfiado). Para quem quiser fazer em casa, aí vai a receita do pato. Tanto o tucupi quanto o jambú podem ser comprados no restaurante.

INGREDIENTES
1 Pato de tamanho médio
2 litros de tucupi
3 maços de jambú
Condimentos como sal, alho, pimenta-do-reino, pimenta de cheiro

Modo de preparar
Tempera-se o pato de véspera com os temperos (à gosto), deixe-o na vinha d’alho por uma noite. No dia seguinte leve-o ao forno para assar regando de vez em quando com o molho que ficou na vinha d’alho, para que não fique ressecado. Depois de assado e bem corado, retira-se do forno e corta-se em pedaços. Leve o tucupi ao fogo para ferver, quando estiver fervendo vá colocando neste os pedaços de pato assado. Deixe cozinhar até ficar macio. Enquanto isto, lava-se muito bem os galhinhos de jambú, leve ao fogo uma panela com água para ferver, tempere a mesma com sal, quando abrir fervura jogue o jambú para aferventar por alguns minutos. Escorra a água e reserve. Depois do pato já cozido no tucupi, acrescente o jambú, mexa bem e apague o fogo. Sirva acompanhado de arroz branco, molho de pimenta de cheiro e farinha de mandioca bem sequinha temperada com manteiga.
  • O que me desagrada em filmes como 007 é que eles não param nunca. Nem bem digeri a cena anterior e ele já correndo no gelo com seu ridículo carro invisível.

  • Halle Berry é muito gostosa, mas não tá com nada como Bond's girl.

  • O coreano que se transforma num lindo wasp é tudo de bom. Ops!
  • SPIDER


    Cronemberg conta a história de um homem obcecado por seu passado. Na memória, vestígios de um crime e fragmentos de loucura. O assassino é realmente culpado, ou a loucura o inocenta? Enfadonho e até previsível algumas vezes, mas continua sendo Cronemberg.

    **
    De tanto ir ao Monkey em minhas tardes ou eu vou jogar warcraft ou eu vou paquerar os meninos de 15 anos que sentam ao meu lado. Eles são fofos.
    De tudo que deixei para trás o que mais sinto falta é minha coleção de rolhas. Não que eu tenha parado de tomar vinho, mas me parece uma idiotice continuar a juntar cacarecos se nem tenho mais apto para guardá-los.
    Vida de desempregada I

    Nem sempre me desagrada não ter trabalho. Sempre pensei que poderoso não
    é só quem tem dinheiro, mas os que têm tempo. O dono da empresa pode sair
    a qualquer hora, pode te deixar esperando durante três horas. Afinal,
    ele é o dono do tempo, mais importante que os meios de produção.


    Muitas vezes é até prazeroso não ter trabalho. Você olha para as pessoas
    na rua, trabalhando, e pensa consigo: "Vocês têm que ficar aí, presos,
    escravos do tempo". Eu não. Posso ir e vir, ir e vir, ir e vir... até cansar.


    Vida de desempregada II

    Todo mundo agora se acha no direito de me dar conselhos profissionais.

    Vida de desempregada III

    Confusa, eu? Bah
    Dialogo

    _Acho que vou para o Forum Mundial
    _ha?
    _Forum Mundial, em Porto Alegre.
    _O que eh isso?
    _Encontro de militantes de esquerda do mundo inteiro, que comecou como evento paralelo ao Forum economico de Davos.
    _Meu, vai arrumar um emprego.
    Tô Tãaaaaao `a toa:

    • As obras de Aleijadinho, na Pinacoteca do Estado, nos relembram do Brasil religioso do período colonial. As peças atribuídas a ele tem sempre o nariz afilado, vestes detalhadas e dedos dos pés bem longos.

    • Imperdiveis as fotos de Claudia Jaguaribe no Instituto Tomie Ohtake. O tema eh o aeroporto, um dos "nao-lugares" do mundo. Com sua camera esperta ela registra os que esperam sem paciencia, os passageiros no check in, o passar das gentes e, principalmente, as aeromocas com seus penteados de gosto duvidoso.

    • Na mostra Territórios, só gostei dos quadros em papelão de Dora Longo Bahia, professora de Artes Plásticas da Faap.
      Territórios - De terça a domingo, das 11 às 20 horas. Instituto Tomie Ohtake. Avenida Faria Lima, 201, São Paulo, tel. 6844-1900. Até 2/2
    VIDA DURA

    Ontem esqueci que sou desempregada e vivi um dia de madama. Pela manhã fui às compras, em seguida ginástica, sauninha e piscina no prédio dos meninos. Depois, JJ básico (chapinha, unha e sobrancelha), encontro com as meninas no Servidor e depois saidinha light até três da matina.
    Ainda sem conexão, estou na Monkey perto da Fnac. Sou a única maior de 18 por aqui.
    Aos amigos e inimigos:

    alexandraleite@uol.com.br não mais me pertence.
    agora só alexal@bol.com.br e alexal33@uol.com.br
    "Movéis, coisas, a sensação de não ter um lar: quando comecei a escrever, estes elementos eram mais do que simples idéias(...) Assim, após uma fase em que eu tinha dinheiro, novamente via-me sem nenhum".

    V.S. Naipaul
    Destino: estação Paraíso. Abro "Uma Casa para Mr. Biswas" e começo a ler a introdução. Naipaul escreve sempre de uma maneira cortante, direta. A passagem tem tanto a ver com minha vida. Impossível não me emocionar. Ensaio umas lágrimas. O senhor ao lado lê, curioso, o título do livro. Adoro ser observada por estranhos.
    Acho que vou começar a contar detalhes de minha vida sexual para ver se meus page views aumentam. Ou diminuem.
    Acabo de ler "La Tregua", do uruguaio Mario Beneddetti. O livro é sobre um cinquentão que se apaixona por sua funcionária, Avallaneda, de apenas 24 anos.
    Em forma de diário, um ano se passa entre o nascimento, desenvolvimento e morte deste amor. Nas entresafras o livro fala de política, costumes e hipocrosias da sociedade uruguaia. Muito bom.
    Excelente texto do Xico Sá sobre nouvelle cuisine e cozinha regional pernambucana.
    Desgraça pouca é bobagem II

    Saio de casa para ir ao cine, espairecer e esquecer que sou desempregada. Quem eu vejo no Espaço Unibanco? Chutem. A bruxa-mor.
    Ontem fui ver "Separações", de Domingos de Oliveira. O filme é engraçadíssimo e inteligente. Andam comparando-o com Woody Allen, já que ele também é um homem em fim de carreira, com crises existenciais e amores jovens. A meu ver, ele está mais para Truffaut, o homem que amava todas as mulheres.
    Que me perdoem os fãs. O Senhor dos Anéis II é uma bosta. Meu, não vou ao cinema para ver monstrinhos "ser ou não ser - eis a questão" e muito menos árvores que falam. I'm out.
    Desgraça pouca é bobagem

    No momento minha casa habita o apartamento de minha mãe, o apartamento da Simone e bagageiro do uninho.
    Leituras de fim-de-ano

    Agora que sou desempregada, li tudo que o trabalho não deixou:

    "O Reino e O Poder" - sobre o New York Times. Gay Talese escreve como ninguém a história do poderoso jornal. As intrigas, os jogos de poder, tudo isso pode ser escandaloso para eles, não para nós acostumados à corrupção. Lá e cá os jornalistas são iguais e também vê-se que a Folha segue à risca todos os defeitos do NYT.

    "The Dying Animal" - comecei a ler no início do ano e só agora consegui acabar. Aqui um professor norte-americano, sexagenário, hedonista, se apaixona por sua aluna de lindas tetas, a cubana Consuelo. E para onde vão seus princípios agora? De Philip Roth, autor também de I Married a Comunist.

    "País Fast Food" - livro-reportagem sobre a indústria fast food nos Estados Unidos. O capítulo mais surpreendente é o que descreve as condições de trabalho nos grandes frigoríficos. Estou sem comer carne vermelha desde então.
    Festas

    Natal em Belo Horizonte, passeio na casa da tia em Caraguá e réveillon em Cunha, com ida a Paraty. Cunha é uma cidade belíssima, serrana, que possui cachoeiras, trilhas e, principalmente, cerâmica japonesa feita em fornos noborigama, de alta temperatura. Ficamos todos num agradável sítio alla Big Brother.

    Ano Novo...

    Primeiro dia de buscar emprego.. ai que preguiça