Mesmo atuando diante das câmeras, os personagens mostram-se como são: Lula é engraçado, carinhoso, inquieto, cordial e, ao mesmo tempo, orgulhosíssimo de ter chegado onde chegou. Dirceu é um crápula capaz dos conchavos mais pérfidos. Astuto, teme revelar segredos e pergunta diante dos câmeras: quem é esta gente? Do João? João Salles? Quem é João Salles? Duda Mendonça é o que é. Um escrotinho, arquiteto da política do PT não-petista. Sobre si mesmo, revela: de marketing político não entendo. Mas de batuque e rinha de galo... ô. Favre é um assessor que parece ter se juntado ao grupo à última hora, quando a vitória de Lula já era anunciada. Isso casa com sua imagem de bon vivant, marido de mulheres ricas e poderosas. Marta aparece sempre de relance, impávida e com o tal ar arrogante que sempre lhe outorgam.
A cena mais memorável é Lula perdido nos corredores do Meliá, logo após a declaração de sua vitória. De onde eu vim? Pergunta para as câmeras.
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A resposta está em "Peões", de Eduardo Coutinho. Militantes metalúrgicos são convidados a relembrar o tempo em que se machucavam no chão de fábrica e faziam greves. Apaixonados, muitos foram despedidos e comeram o pão que o diabo amassou. Mas são unânimes em dizer que Lula é pai, irmão, amigo, líder. Hoje são desempregados, remediados, taxistas, fazem bicos. Um e outro, retratos do mesmo país. Com a diferença de que do lado dos ricos, só passou um. E muitos são os peões.
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