GERO CAMILO RELEMBRA INFÂNCIA EM "ALDEOTAS"
ainda não peguei a mão para fazer este troço. Críticas ferrenhas, me enviem por e-mail e não nos comments :)




Dois garotos amigos se reencontram ao completar cinquenta anos. Na infância jogaram pião, olharam a lua no mirante, deram o primeiro beijo e editaram o jornal da escola. Um, mais sensível e artista, era o poeta. O outro, que precisava de tempo para analisar as coisas, era o crítico. Um dia, após o término do segundo grau, foram apartados. Um partiu num ônibus em direção ao mundo. O outro ficou para casar e cuidar da fazenda da família. Um é Levi (Gero Camilo). O outro, Elias (Marat Descartes). Juntos constróem um retrato de memórias em “Aldeotas”, com direção minimalista de Cristiane Paoli Quito.

O texto, do próprio Gero Camilo, revela semelhança com os versos severinos de João Cabral de Melo Neto e com a peça “A Máquina”, da carioca Adriana Falcão. Enquanto Antônio (o lunático apaixonado de “A Máquina”) viaja no tempo para conquistar sua amada, o Levi de Camilo vai até o centro da terra em busca de aventuras. Lá, onde o sol tem “cor de cor de sol”, ele acha tudo bonito, mas volta saudoso de Joca (o cachorro), dos pés descalços, do amigo, de sua aldeota conhecida.

Em cenografia simples de Cristiane Paoli Quito –composta apenas de uma tela no teto, iluminação e um tapete da Tok&Stok- o mundo de Coti das Fuça (povoado imaginário onde se passa o enredo) deverá ser construído pelo espectador. Ele tanto pode representar a cidade natal de cada um quanto as experiências coligidas ao longo da vida. O autor mostra duas vertentes. Ou você fica onde está e não dá vazão a suas ambições e seus sonhos ou termina igual ao que começou, à espreita da morte.

Difícil não associar Coti das Fuça com Fortaleza –cidade que Camilo deixou ainda adolescente e à qual retornou recentemente- ou Levi com seus trabalhos anteriores (o Sem Chance de “Carandiru”, o Ceará de “Bicho de Sete Cabeças” e o Paraíba de “Cidade de Deus”). Embora mais contido, não é desta vez que o ator se livra do estigma nordestino, o sujeito talentoso e engraçado que encontra saída para tudo. Um pouco ofuscado pela empatia de Camilo com o público, Descartes (“Os Lusíadas” e “Tartufo”) cumpre o papel do amigo inseguro, que tem problemas com o pai e não conseguirá saciar sua “fome de conhecimento do mundo”. Juntos na vida, os atores relembram o tempo em que dividiam o palco da Escola de Arte Dramática da USP. Juntos no palco, são companheiros de infância e de tertúlia numa montagem doce e nostálgica.

*** ALDEOTAS
De: Gero Camilo
Direção: Cristiane Paoli Quito
Com: Gero Camilo e Marat Descartes
Onde: Sesc Belenzinho - galpão 2 (av. Álvaro Ramos, 915, SP, tel. 0/xx/11/6602-3700)
Quando: sáb. e dom., às 18h; até 2/5
Quanto: R$ 15


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